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Especial Mad Men (parte 10) : Don Draper

Chegamos ao último post do especial Mad Men com o protagonista.

Don Draper é o mistério ao redor do qual todos os outros personagens circulam. Por causa de sua narrativa, seu figurino tem uma alta carga psicológica, que vai além que estilo e moda da época. Ele precisa das roupas para marcar seu lugar na sua nova vida.

Os ternos em tom de cinza são os mais frequentes para trabalhar. O modelo do paletó é o mais comum para os anos 60, com 2 botões, sem muitos detalhes além do necessário como abotoaduras e chapéu, afinal ele ainda é de uma geração mais velha, um pai de família.

Quando está em casa, nos looks mais casuais, ele usa polos e cardigans. a camisa xadrez também faz parte do guarda roupa de verão e o blazer xadrez é para o lazer, mais informal.

Janie Bryant mesmo já afirmou que seus ternos foram ficando mais escuros enquanto a série foi evoluindo e sua vida foi ficando mais difícil, refletindo seu psicológico. O preto além de mais sério é mais introspectivo,misterioso, afasta outras pessoas.

A passagem de tempo da série o afeta menos em termos de moda do que seus problemas pessoais. Seu figurino é um escudo ao mesmo tempo que é o que permite que ele seja Don Draper .

Assim como Nova York é a cidade principal, a Califórnia mais que provou como afeta os personagens, como Megan e Pete.

Don é o mais afetado, se transforma em outra pessoa, ou que realmente se encontra. Sua dualidade é chave em Mad Men e a Califórnia é o seu refúgio. Qual será a real versão de Don Draper?

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Especial Mad Men e a moda(parte 9): Roger Sterling

Roger é um dos sócios donos da agencia Sterling Cooper. Um personagem dinâmico, egocêntrico, disposto a experimentar coisas novas  e vida sua vida com toda  liberdade que seu dinheiro proporcionou.

Por ser um dos personagens mais velhos seu figurino ainda tem elementos que estão saindo de moda, que são de outra geração. Ele ainda um terno composto pela 3 peças (paletó, colete e calça) com lapela peak que começou a ser popular nos anos 30 .

A tradição, o nome é ainda mais importante para ele. Muitas referências dos anos 30, como o terno com abotoamento duplo e a estampa de listras.

A própria figurinista, Janie Bryant, tem feito posts no instagram sobre os personagens e particularidades de cada um. Roger também usa “collar bars”, acessórios no colarinho de suas camisas, lenço no bolso.

Apesar de tudo, sua personalidade jovial dava espaço para alguns momentos mais modernos. Sua ousadia aparece quando chegamos aos anos 70 com direito a costeletas e bigode, um estilo que ninguém mais usou, equilibrando com mais ternos em azul e dourado, novamente elemento de riqueza e tradição.

Sua presença sempre é masculina, arrumada, mas é um tipo de masculinidade que estava sendo deixada para trás vivendo na época em que o mundo que inventou o conceito da juventude.

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Especial Mad Men e a moda ( Parte 8): Pete Campbell

Enquanto vários personagens estão buscando seu lugar no mundo, Pete acha que o seu já estava definido desde o berço. Seu sobrenome Campbell, sinônimo de “old money”, é tradicional, é importante como família que ajudou a construir Nova York.

Sua história de vida seguindo os passos de Don Draper, a quem ele tenta imitar, nos acertos e nos erros. os 2 tentam obedecer o ideal do sonho, m trabalhar na cidade, voltar para a casa da cerca branca ao final do dia, sustentar a mulher e os filhos e usar o terno estampado porque estão no subúrbio.

Pete Campbell (Vincent Kartheiser) – Mad Men – Season 5, Episode 5 – Photo Credit: Michael Yarish/AMC

No início de Mad Men, seu figurino valoriza sua juventude. Recém casado, sem colete, sem chapéu e até sem fumar. Seu figurino permite que ele circule em ambientes fechados nos quais você é valorizado pelo sobrenome, como clubes nos quais se fumam charutos e jogam tênis e golfe. Elementos parecidos com os de Betty, que dão ares de tradição, códigos que reafirmam sua importância social, como azul marinho, bege, suéteres, brasões. Porém , a cada vez que Pete tenta fazer uso desse valor, o mundo mostra que os código antigos não funcionam tão bem quanto antes. Ele acaba no meio do caminho: velho demais para ser revolucionário e jovem demais para ser respeitado.

Pete também é um dos personagens que se transforma quando vai morar na Califórnia. Quem viveu os anos 90 vai lembrar do termo “mauricinho”. O oeste dos EUA é o oposto de NY. Sua cartela de cores fica mais suave, tudo fica mais leve, ele fica bronzeado. Tudo isso parece errado para quem assiste. Pete é apaixonado por Nova York durante todo o programa e é engolido pelo novo estilo.

Conforme vai ficando mais velho, até o colete, que faz parte de personagens mais velhos, começa a aparecer.

Suas mudanças de estilo são interessantes por que Pete faz uma linha paralela com Peggy, porque crescem ao mesmo tempo, mas seguem caminhos completamente diferentes.

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Figurino Séries

Especial Mad Men e a moda (parte 7): Carla, Dawn e Shirley

Mad Men é um seriado estadounidense sobre o american dream do pós 2 Guerra. É a essência da ambição de um mundo WASP ( sigla em inglês para branco, anglo-saxão, protestante ) Quem não se enquadra (latinos, negros, judeus, católicos, orientais…) fica nas beiradas. O próprio autor, Matthew Weiner, já afirmou e eu poderia dar mais spoilers em como essa é a pedra fundamental das narrativas de ascensão de vários personagens, mas por agora vou me ater ao figurino das personagens negras e como elas aparecem nesse mundo.

Não há profundidade nas discussões sobre direitos civis e as coisa acontecem ao redor dos personagens, mas ao fundo sem fazer parte da narrativa principal. Consequentemente, os personagens negros as vezes estão ali, mas não tem uma narrativa real.

Apesar disso, para mim , as 3 personagens traziam um novo sopro, lembram da existência de um mundo com outros problemas além de clientes, traições e a vida no trabalho. A vida delas, por ser tão pouco importante na série nos possibilita ver como os personagens do elenco principal são visto quando não sabemos de seus problemas pessoais, de seus segredos.

CARLA

Carla trabalha como empregada na casa dos Drapers, limpando, cuidando das crianças, sempre quieta e profissional. Por anos ela é a pessoa que sabe como aquele casamento é por dentro, quem consegue enxergar as falhas da vida perfeita da família.

Vemos pouco sua presença na casa. Nessa ocasiões, Carla está com uma camisa e saia e um avental por cima, ou chegando/saindo da casa e os casacos dão uma mínima ideia quem ela pode ser. Sabemos também que Carla frequenta a igreja e que costuma usar chapéus como acessórios.

Quem quiser saber um pouco mais sobre a personagem, tem uma entrevista com a atriz Deborah Lacey, em inglês no Tom and Lorenzo.

DAWN

Demoram anos para a entrada de outra personagem negra e que tenha um pouco mais de participação na história. Por piada e covardia dos sócios, ela acaba sendo contratada como secretária de Don Draper. Por trabalhar com ele a personagem tem algum destaque. Nessa posição importante ela precisa ser eficiente, discreta e igual a todas as outras secretárias.

Seu figurino reflete os adjetivos. Quanto mais tempo ela fica no cargo, mais podemos perceber conexões entre ela e Peggy. Seu look de trabalho é mais conservador, fechado, com golas arredondados e blazer. Enquanto ao fundo do escritório vemos novas estampas coloridas e barras dos vestidos ficando cada vez mais curtas, Dawn parece tão respeitável que melhora até a imagem do próprio chefe.

E assim como Peggy, ela passa a viver com foco no trabalho e novas possibilidades que ela não tinha pensado.

SHIRLEY

Shirley aparece pouco, mas acho que ela é um grande respiro na série e não posso ignorá-la. Ela também trabalha como secretária na agência, mas é o oposto de Dawn. Para ela o trabalho é trabalho e só. Provavelmente por isso, ela consegue se manter tão vibrante dentre as outras secretárias.

Se Sally está se descobrindo na rebeldia adolescente, Shirley é um ícone de moda que não recebe o reconhecimento que merece. Estampas coloridas, contraste de cores, golas, maquiagem colorida, saias e vestidos perigosamente curtos. Cada novo figurino é uma surpresa deliciosa, mesmo com olhos atuais.

Por serem personagens coadjuvantes, não sabemos muito sobre suas vidas, ou escolhas, mas ao olhar pelo figurino temos pistas de uma vida além do trabalho.

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Figurino Personagem Séries

Especial Mad Men e a moda (6): Megan Calvet

Megan Draper começa como mais uma secretária no escritório, com figurino equivalente, para se tornar rica e a com o figurino mais moderno do programa.

A jovem senhora Draper começa discreta, seguindo o padrão mais conservador das outras secretárias.Conjuntos em tom pastel, cabelo presa, acessórios, especialmente brincos para complementar. Por muitos episódios é assim que ela se apresenta dentro da agência.

Além de sua mudança de poder aquisitivo, ela também muda de cidade saindo da Nova York cosmopolita e urbana para a Los Angeles ensolarada. Buscando ser atriz, ela passa a viver em um mundo mais artístico, teatral com muito mais liberdade do que tinha antes.

A Califórnia é mais quente, mais colorida, os cabelos estão soltos e Hollywood cria tendências de moda. Megan é a mais atenta ao usar o que estava em voga. Também é das personagens mais jovens, sem filhos, em busca de um sonho. Todos esses elementos afetam tanto seu figurino que, quando retorna para Nova York ela destoa de seus antigos colegas.

Quando Mad Men acaba a década de 60, os anos de JFK e o sonho americano já tinha rachaduras por todos os lados. Todas essas tranformações são acentuadas no figurino de Megan, que muda de silhuetas, estampas, estilo e penteados em alta velocidade.A Megan Calvet que entrara na agência já não é mais a mesma, e o distanciamento entre ela, seu marido, e o mundo do qual os outros personagens fazem parte não cabem mais em sua vida.